Martha Martyres

Martha Martyres

Radialista, diretora da rádio Penedo FM, âncora do jornalismo no Programa Lance Livre

Postado em 11/08/2009 16:09

ESTÁ CHEGANDO A HORA...

Às vésperas de mais uma eleição, os prováveis (desejosos) candidatos já começam a se ouriçar. É tempo de participar. De tudo. Da festa de emancipação política, supostamente a mais importante para os que desejam impressionar o eleitor com demonstrações inequívocas seu amor pelas cidades ao aniversário da boneca de pano da filha da cunhada do amigo do vizinho.
É hora de “adentrar” na casa de taipa da periferia e dizer: “- Meu Deus, isso é um absurdo!!!”, como se ninguém soubesse que existem milhões de seres humanos sobrevivendo de forma desumana sobre pedaços de “plástico preto” e marquises de lojas. Sentar na beira da calçada para uma prosa com os garis, cumprimentar os velhinhos na fila da aposentadoria e pagar a pinga no boteco da esquina. Vale tudo.
É o momento de colocar criancinhas no colo e até beijar aquelas que encontramos descalças, nuazinhas, nariz escorrendo e cabelos empinados pela falta de um bom banho com água e sabão.
Resumindo: é a vez da hipocrisia tomar conta das ruas, dos parlamentos, dos dirigentes, das chamadas “lideranças políticas”, dos palanques, dos encontros, das reuniões. E neles, tome discurso! Nossos prováveis candidatos têm solução para tudo, para todos os problemas, sejam eles de ordem social ou até mesmo moral (por que não? Oxente!).
Pena que a realidade esteja tão distante das demonstrações das pré-campanhas e campanhas eleitorais!
A grande verdade é a grande maioria dos nossos homens (e mulheres) públicos têm um profundo desconhecimento da realidade. Eles não conhecem praticamente nada do mundo em que querem colher o voto. Não conhecem sequer a geografia, não conhecem o clima, não conhecem a fauna, a flora e muito menos os seres humanos transformados em potenciais eleitores.
Essa grande maioria, com doutorado na ciência da adaptação, não pensa no homem, na mulher, na criança, nos jovens, nos seus sonhos e anseios. E essas são pessoas que nos seus delírios buscam um Salvador, um Messias, alguém capaz de, num passe de mágica, lhes tire da miséria em que sobrevivem e que lhe acene com comida, saúde, segurança, escola, nessa ordem. É por isso que de vez em quando aparece um ídolo, um redentor que com uma boa conversa, um discurso emocionado, algumas lágrimas e alguns poucos afagos nas crianças de nariz corizando conseguem chegar ao poder.
Será que há alguma chance? Algum remédio que possa ser ministrado? Alguma lei que não seja desmoralizada nem pelo legislativo que a faz nem pelo judiciário que a aplica? Alguma esperança que possa ser traduzida para os que, como eu, enxergam essa verdade com a sensação de carregá-la, como o mundo sobre os ombros de Atlas?
Bem, nos meus delírios, eu creio em milagres!

 

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