11 Junho 2019 - 08:27

Mostra fotográfica expõe beleza noturna de cidades latino-americanas

Divulgação
As fotografias foram tiradas de pessoas de bairros pobres do estado de Guerreiro

A mostra Ainda Há Noite traz dez projetos fotográficos que exploram o mundo das luzes tênues e das horas em que a linha separa o material visível do transcendental. Com um foco na América Latina, a exposição que abre na próxima quarta-feira (12) no Itau Cultural, na Avenida Paulista, região central da capital, apresenta o trabalho de artistas de nove países. São mais de 300 imagens passando por temas contemporâneos, como uso dos celulares, manifestações sociais, violência e memória.

Entendemos a noite latino-americana como o espaço em que o racional convive com o espiritual e apostamos nessa sabedoria como o principal mecanismo para iniciar movimentos de transformação que possam levar a um mundo como o sonhado”, comentam os curadores Claudi Carreras e Iatã Cannabrava no texto que explica a construção da exposição.

Uma realidade dura e já explorada de diversas formas pela fotografia ganha uma tonalidade de sonhos em Luciernaga, do mexicano Yael Martínez. O nome faz referência aos vaga-lumes, insetos que brilham de forma intermitente, como pequenas luzes esverdeadas flutuando na noite. As fotografias foram tiradas de pessoas de bairros pobres do estado de Guerreiro, um dos mais afetados pelos problemas com o crime organizado no México.

Reflexões íntimas

A ideia é que os ensaios tragam reflexões mais pontuais, segundo Claudi Carreras, longe do dia, entendido como espaço da vida cotidiana e do ruído. “É uma exposição mais íntima em que a gente dialoga um pouco com os fantasmas e aparecem as coisas que normalmente durante o dia não conseguimos ver”.

A brasileira Luisa Dörr optou por retratar os trabalhadores que mantêm a cidade de São Paulo em funcionamento durante a noite. São recepcionistas de hotel, agentes de segurança privado e policiais que continuam em atividade no período destinado ao descanso da maior parte dos habitantes da metrópole.

As fotografias da dupla chilena, Alejandro e Cristóbal Olivares, estão cobertas por uma névoa espessa. É o gás lacrimogêneo lançado pela polícia para reprimir as manifestações estudantis que ocorreram em Santiago entre 2011 e 2013. O título do projeto – 874 – faz referência ao número de jovens presos no dia 11 de agosto de 2011.

Essa reflexão sobre os fatos passados também é, de acordo com Carreras, um dos entendimentos da noite proposta para a exposição. “Quando você chega em casa e fecha a porta, você fica sozinho com você”, contextualiza de maneira metafórica a respeito da proposta da curadoria. “Entra em um território em que você começa a resumir o dia e pensar nas coisas que funcionaram e não funcionaram”.

Fórum latino-americano

A mostra faz parte da programação do 5º Fórum Latino-americano de Fotografia. O encontro começa na quinta-feira (12) e vai até o domingo (16) com debates e mesas de discussão sobre a produção e a pesquisa visual na América Latina. As atividades do fórum podem ser vistas na página do site.

A exposição Ainda Há Noite vai até o dia 11 de agosto. Pode ser vista de terça a sexta-feira, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h.

por Agência Brasil

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