Em 32 anos de carreira, o alagoano Juvenal Machado, 54, consagrou-se como um dos principais jóqueis do país. Venceu mais de quatro mil vezes. Levou cinco taças do GP Brasil — um recorde. No Rio de Janeiro, passou à categoria de celebridade. Mesmo assim, fez questão de voltar a sua terra. Hoje vive na cidade de Delmiro Gouveia (AL).

Essa história ganhou as telas. Na noite desta segunda-feira (5), foi lançado no Teatro Gustavo Leite, em Maceió, o filme Lá Vem o Juvenal. Essa é uma iniciativa da Fundação Delmiro Gouveia (Fundeg) em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

Na abertura, a plateia pôde conferir a simplicidade desse campeão — considerado o Garrincha do Turfe. “Eu tenho poucas palavras a dizer. Sou tímido. Espero que vocês gostem do evento e que a história fique guardada para sempre”, revelou.

Ansiosos por conhecer a trajetória do herói, estavam o vice-governador de Alagoas, José Wanderley Neto, e o secretário da Cultura, Osvaldo Viégas. “Quando eu fui estudar no Rio de Janeiro, aprender a operar coração, lá, eu ouvia as pessoas falarem do Juvenal. Era um orgulho. Hoje, estou muito feliz por assistir a esse reconhecimento”, disse José Wanderley.

Osvaldo Viégas parabenizou Juvenal. “É um exemplo, figura de motivação. Estou também satisfeito por mais essa parceria com a Fundação Delmiro Gouveia, que tem uma atuação regional importantíssima em todo o alto sertão”, avaliou.

Encerrados os discursos, o produtor executivo, Edvaldo Nascimento, anunciou o documentário, com direção de Hermano Figueiredo. Nas primeiras cenas, cavalos correm feito máquinas. Sobre o animal mais rápido, um homem de pequena estatura e de pulso firme. Era Juvenal Machado.

Nos últimos segundos, o locutor oficial do Jockey, Ernani Pires Ferreira, disparava: “Lá Vem o Juvenal”. Mais uma vitória. Entre os depoimentos do filme, temos nomes bem conhecidos: Chico Anysio e o Zico.

O humorista fala sem rodeios: “Ele foi o jóquei que mais me deu alegrias”. Juvenal correu com os cavalos de Chico por mais de três anos. O alagoano tem fotos ao lado de Zico e Pelé.

O ídolo flamenguista conta que acompanhou por muito tempo as corridas de Juvenal. “Teve uma vez que o Juvenal venceu no mesmo dia que a gente, do Flamengo. A imprensa brincou: ‘A Gávea inteira está em festa'”, lembra o Galinho na tela.

O diretor de Lá Vem o Juvenal, Hermano, revelou que ficou impressionado com a versatilidade do mestre do turfe. “Com a mesma tranquilidade, ele passeia entre gente famosa no Rio e com o anonimato de Delmiro. Não se incomoda”, considera.

Também pudera. Ele enfrentou muitos obstáculos. Saiu com 15 anos do sertão de Alagoas. Foi para o Rio a convite de um primo. Cuidou de cavalos e com pouco tempo, fazia parte da escolinha do Jockey. Os primos já montavam.

A primeira vitória aconteceu em 1971. O GP foi alcançado oito anos depois, com Aporé. Depois, vieram títulos em 1982, na garupa de Gourmet; 1986, com Grimaldi; no ano seguinte, com Bowling como parceiro; e 1990, na companhia de Flying Finn. Foram muitos os voos.

Gostou da história? É mostra do orgulho de ser alagoano. “Esse foi o sonho que eu sempre tive. Quis juntar alguma coisa na cidade grande e voltar para a minha terra”, assume o campeão. Cumpriu com a palavra. O filho caçula já nasceu em Alagoas.

Na próxima sexta-feira (9), Lá Vem o Juvenal volta a ser exibido. Será mostrado em Delmiro, no antigo Cine Pedra, fundado em 1915. Essa é mais uma etapa da Semana Delmiro Gouveia, que também tem o apoio da Secult.