01 Dezembro 2020 - 15:05

10º Circuito Penedo realizou formato inédito num contexto histórico de desafios

Kamilla Feitosa
Em edição híbrida, o evento registrou alcance de mais de 50 mil acessos em 7 dias de evento

O Circuito Penedo de Cinema, em sua edição comemorativa de 10 anos, realizada na cidade histórica de Penedo entre 23 e 29 de novembro, sob formato híbrido (presencial e virtual), reafirmou sua trajetória marcada por encarar a produção audiovisual, em diálogo com a educação, como instrumento de luta para a preservação do patrimônio cultural alagoano e nacional, bem com para o fomento ao fazer artístico.

O evento promoveu uma vasta programação inteiramente gratuita que contou com a exibição de 83 filmes, atividades formativas, apresentações musicais e a participação de atores, diretores, roteiristas, produtores, acadêmicos, pesquisadores e estudantes. Virtualmente, mais de 50 mil pessoas de todo o país assistiram às obras disponíveis na íntegra pelo site oficial e votaram em suas preferidas.

As graves consequências da pandemia de Covid-19 para o setor cultural e artístico impulsionaram os esforços do Circuito em função da garantia do acesso democrático ao cinema brasileiro e da liberdade de expressão sem qualquer tipo de demagogia ou restrição de pauta, trazendo à luz debates fundamentais para o nosso tempo.

Dessa forma, o segmento presencial do evento — primeiro a acontecer no Brasil após a pandemia — funcionou com ainda mais responsabilidades: foi posto em prática um rígido protocolo sanitário que incluiu capacidade de salas reduzida a 30%, distanciamento social, distribuição de máscaras, disponibilização de álcool 70% e várias outras medidas para receber o público em segurança.

Em 10 anos de resistência e muito trabalho, o Circuito vem constituindo o braço histórico de Penedo com vistas a proporcionar a retomada dos grandes festivais de cinema ocorridos na cidade entre 1975 e 1982. Nesse sentido, o professor universitário e coordenador geral do evento, Sérgio Onofre, declara: “Há 14 anos, a UFAL se instalou em Penedo e pudemos identificar no povo um desejo forte pela volta dos festivais. Foi esse sentimento que nos conduziu ao que temos atualmente. Hoje, a modalidade on-line configura-se como marco de democratização do acesso a esse produto cultural, projetando a cidade para o mundo”.

Em 2020, os bons impactos para a comunidade local foram ainda mais evidentes com a possibilidade de retomada econômica após o hiato imposto pelo cenário pandêmico. Em função da infraestrutura montada para sediar a programação cultural, diversos empregos diretos e indiretos foram gerados, além da intensa movimentação nos setores hoteleiro, turístico e comercial, envolvendo desde os grandes até os pequenos empreendedores.

No âmbito patrimonial, a memória do município situado às margens do Velho Chico foi estimulada pela reabertura do Cine São Francisco após 27 anos do encerramento de suas atividades originais. Em meados da década de 70, o cineteatro logrou-se como espaço crucial de fomento à sétima arte, permitindo à cidade ribeirinha assumir contornos definitivos de polo cultural reconhecido nacionalmente.

Já as ações educacionais, encontraram espaço no 10º Encontro do Cinema Alagoano, que se configura como suporte acadêmico do Circuito. Neste ano, houve apresentações de trabalhos científicos, oficinas de roteiro em comunidade quilombola, palestras sobre a formação de uma comissão fílmica para atrair e incentivar o audiovisual na região e vários debates sobre diversidade cultural e social.

Além disso, os curtas-metragens selecionados para o 13º Festival do Cinema Brasileiro de Penedo, o 10º Festival de Cinema Universitário de Alagoas e a 7ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental — atmosferas competitivas da programação — serviram como panorama da produção audiovisual contemporânea no país, suscitando de maneira espontânea pautas politicamente urgentes. Com o mesmo intuito, a Mostra de Cinema Infantil ajudou a contemplar uma abordagem infantojuvenil dessas discussões, enquanto a Mostra de Longas-metragens Nacionais trouxe convidados brilhantes para os debates.

Por último, a Noite do Cinema Alagoano foi um momento decisivo para o horizonte audiovisual de Alagoas dar a prova de seu vigor atual. Com retrospectiva à Mostra Sururu de Cinema, realizada anualmente em Maceió desde 2010, bate-papos com produtores e diretores audiovisuais locais e exibição do filme "Cavalo" (Werner Salles e Rafhael Barbosa), primeiro longa no estado a ser feito mediante edital, a ocasião foi crucial para marcar a identidade alagoana no cinema e consolidar um movimento artístico robusto.

Assim, mais uma vez, o Circuito Penedo de Cinema e seus parceiros testemunham, de pleno direito e por mérito próprio, que a cultura é um bom negócio. Toda a equipe, alinhada a propósitos de liberdade e respeito, preocupa-se com a garantia de difusão da arte e da economia criativa no país, com esforços especialmente voltados à cena local. 

por Assessoria

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