03 Abril 2020 - 16:32

Como falar sobre o novo coronavírus com as crianças, psicóloga dá as dicas

Felipe Brasil
Os pais devem passar para as crianças segurança, sinceridade, objetividade e clareza

A rápida resposta oficial para o combate ao Covid-19 (novo coronavírus) em Alagoas trouxe medidas que alteram radicalmente o cotidiano e a rotina doméstica. O agente infeccioso é comprovadamente democrático. Ninguém está imune – apesar do índice relativamente baixo de letalidade – em torno 3,6%, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Todos correm risco de contágio, mas os especialistas identificaram perfis ainda mais vulneráveis. Idosos, fumantes, asmáticos, pacientes renais e pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Nestes casos, a taxa de mortalidade aumenta para 14%. Por isso, o esforço de todos pode salvar muitas vidas.

Até o momento, crianças e gestantes não integram os chamados grupos de risco. De todo modo, o momento exige atenção e cuidados redobrados com o público inserido na chamada primeira infância – mamães em gestação e seus filhos com idade entre 0 e 6 anos.

O primeiro passo é abordar o tema com a garotada. “Estamos vivendo uma situação de urgência e emergência e isso não pode ser escondido das crianças”, orienta a psicóloga Carla Rabelo. “Temos que aproveitar o momento para conscientizar sobre os cuidados com a higiene, e também explicar porque eles não estão podendo ter contato com outras crianças e até com parentes, como os avós”, assinala.

Para a especialista, mesmo com receio da doença, os pais devem passar segurança, sinceridade, objetividade e clareza. A linguagem a ser adotada para compartilhar a informação vai depender da idade da criança e da dinâmica da própria família.

“Às vezes, pode ser de maneira lúdica, contando uma história ou rabiscando um desenho, mas sempre esclarecendo tudo o que está acontecendo”, exemplifica Rabelo, ela própria mãe de três crianças. “O importante é explicar as medidas de prevenção e reforçar que bastam pequenos cuidados para ficar protegido”.

Fortalecer vínculos

Na prática, a atitude da mamãe e do papai é sempre o melhor exemplo, principalmente numa fase cujo aprendizado acontece por observação. Mas caso a primeira conversa não dê resultado, vale insistir com o tema. Cuidado apenas com o bombardeio de informações alarmantes e até desnecessárias. A responsabilidade dos pais é dar o exemplo e proporcionar acolhimento e não gerar pânico e ansiedade.

“É um momento para fortalecer vínculos, propondo atividades caseiras, como ler ou cozinhar juntos e propor jogos e brincadeiras da infância de outras épocas”, recomenda a psicóloga.

Atenção especial para as crianças situadas na faixa etária entre 2 e 4 anos. Elas podem não estar preparadas para assimilar tantas informações. “Elas podem até não compreender claramente, mas estão sentindo todo esse movimento diferente dos pais, na escola e – no caso de quem integra alguma religião –, na própria igreja”, comenta.

Para quem vive a gravidez, além de seguir à risca as orientações médicas, sanitárias e nutricionais, a recomendação de ordem psicológica é simples: “É o momento de a gestante olhar para si”, sugere Carla Rabelo. “Quando se está grávida, pensa-se muito no bebê e isso gera uma série de medos e ansiedades. A mãe precisa estar bem emocionalmente para receber a criança. Para isso, ela pode fazer atividades que dão prazer e sentido à própria vida”.

por Agência Alagoas

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